Há várias formas de as empresas apoiarem a comunidade. Contributos monetários, ações de voluntariado, apoios em espécie, prestação de serviços especializados de forma não remunerada, lançamento de projetos próprios – as alternativas são diversas. Nem sempre é fácil para as empresas estruturar um caminho, uma estratégia de investimento nesta área, já que essa não é a sua “indústria” nem atividade principal.
Também não se sabe muito sobre a filantropia corporativa em Portugal, mas a Informa D&B publicou, em Outubro de 2016, a 2ª edição do relatório “Retrato dos Donativos em Portugal 2010/2014 – Apoio das Empresas à Comunidade”[1], que nos permite conhecer um pouco mais sobre esta realidade, mais não seja, no que respeita a números. Talvez fosse interessante saber mais sobre estes investimentos e os impactos que geram, mas começar pelos números já é um ponto de partida.
As contribuições monetárias parecem ser as que têm maior expressão e impacto no contexto português, sendo que 20% do tecido empresarial português efetua donativos, ou seja, 57 408 empresas dão contributos monetários para projetos na comunidade. Os dados são de 2014 e indicam que, anualmente, cerca de 139,8 milhões de euros são doados pelas empresas no âmbito da sua responsabilidade social. Cerca de 55% deste valor foi doado por grandes empresas, embora estas representem apenas 0,7% das empresas que fazem donativos. Destacam-se no peso global das suas contribuições por serem contribuições muito superiores às dos restantes grupos de empresas (as micro, pequenas e médias empresas), sendo o valor de contribuição médio (das grandes empresas que fazem donativos) de 182 mil euros.
No extremo oposto e surpreendentemente, estão as micro empresas que ocupam a maior presença entre as empresas que fazem donativos, constituindo 85% do universo de empresas a dar contributos financeiros para projetos na comunidade. Estas micro empresas ocupam também uma posição de destaque no bolo total de contribuições, sendo que os seus donativos constituem 21% do valor total de donativos (logo a seguir às grandes empresas). Entre as micro empresas, a contribuição média por entidade é de 591euros.
Não ficamos a conhecer profundamente a questão do investimento das empresas na comunidade, mas identifica-se aqui um potencial de crescimento enorme se considerarmos as 80% de empresas que ainda não investe na comunidade. A consciência de que as empresas podem gerar mudança social parece estar a crescer e a visão da Europa para uma maior coesão social é uma visão de responsabilidade partilhada entre os vários atores, atribuindo-se às empresas um papel relevante nesta matéria.
Embora não se tenham registado variações significativas nos donativos das empresas nos últimos anos, alguns sinais positivos são apontados neste relatório. Nos últimos dois anos integrados na análise (2012 a 2014) aumentou ligeiramente (0,7%) o número de empresas a fazer donativos e aumentou de forma mais acentuada o valor dos donativos efetuados, que cresceu 12,9% em termos globais. O facto 57% dos donativos em 2014 terem sido feitos por empresas que fazem donativos regularmente também é um sinal positivo, de valorização da continuidade desta atitude de investimento na comunidade.
Muito poderia ser dito e questionado sobre esta matéria. Mas hoje, o importante, é conhecermos estes dados. Vale a pena ler o relatório. Quaisquer recursos que tenhamos para investir são sempre relevantes, estamos a contribuir para um todo que não é apenas a individualidade de uma contribuição. Os contributos de qualquer dimensão podem ser significativos e transformadores. Esteja por trás disto! Contribua e preste atenção aos seus impactos. Você está por trás disto… nós estamos!
[1]Fonte: Informa DB, “Retrato dos donativos em Portugal 2010/2014 – Apoio das Empresas à Comunidade”, 2ª Edição, Outubro, 2016 – URL: http://biblioteca.informadb.pt/files/files/Estudos/Retrato-donativos-Portugal-2010-2014.pdf – consultado a 28 de Novembro de 2016