Os Cuidadores Informais são pessoas que prestam apoio a membros da sua família, amigos ou pessoas próximas, que necessitam de ajuda nas suas tarefas diárias. Podem ser pessoas idosas ou pessoas que sofrem de algum tipo de problema físico ou mental, que as impede de serem autónomas nas suas necessidades básicas e fundamentais do dia-a-dia.

Mas quando falamos de cuidador, muitas vezes pensamos num profissional. A verdade é que os cuidadores informais somos NÓS – que cuidamos de algum membro da família ou pessoa chegada. Além de prestar cuidados a alguém, muito frequentemente, os cuidadores informais têm de conciliar esta função com muitas outras da sua vida, inclusivamente com um trabalho. Adicionalmente, em muitos casos, não estão treinados para esta função e não lhes é prestado o apoio necessário para o fazerem devidamente e sem prejuízos para a sua própria saúde.

Segundo um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos), a família e os amigos são o recurso mais importante de cuidado às pessoas que precisam de cuidados por um período longo. Pela natureza dos cuidados e por serem prestados informalmente, muitas vezes pela família, não é fácil compararmos dados destes cuidadores “informais”, entre países, nem a frequência da sua prestação. Estima-se, no entanto, que na Europa, 80% dos cuidados são prestados em casa, frequentemente com um custo para os cuidadores em termos de saúde, bem-estar social e económico. O valor económico do cuidado informal representa 50% a 90% dos custos totais dos cuidados continuados nos Estados Membros da União Europeia [1].

A Associação Cuidadores Portugal [2] estimou, em 2016, o valor do trabalho realizado pelos cuidadores informais em Portugal, tendo por referência o salário mínimo mensal, em aproximadamente 4 biliões de euros anuais (mais precisamente: 3 951 223 008 euros por ano; 329 268 584 euros por mês; 82 317 146 euros por semana).

Ou seja, pode-se dizer que os Cuidadores Informais são um dos fatores de sustentabilidade dos sistemas sociais e de saúde. A continuação do seu papel é fundamental, tendo em consideração os desafios demográficos do futuro e os custos associados aos cuidados continuados. Contudo, a ausência de apoio, torna os cuidadores informais mais vulneráveis, estando expostos a múltiplos efeitos nefastos individuais, familiares, organizacionais, comunitários e económicos.

Podemos afirmar, sem medos, que intervir precocemente e promover o empowerment dos cuidadores, não só representa benefícios para os próprios e para as pessoas cuidadas, como também para os sistemas sociais e de saúde (ao nível da redução de custos). No entanto, considerando uma análise a 36 organizações ativas de apoio aos Cuidadores Informais a nível europeu, a Eurocarers [3] refere que a contribuição dos cuidadores só será possível se lhes forem dadas oportunidades de aprendizagem e treino, bem como apoio acessível e relevante.

As políticas europeias para a promoção dos cuidadores são muito diversificadas, tanto na forma como o fazem, como em termos de suporte financeiro. A relevância e crescente importância deste tema, pedem, no entanto, respostas integradas e personalizadas, que promovam a inovação e a comunicação, desenhando os serviços para e com os cuidadores. Estas respostas são estratégicas para a criação de valor e eficácia destes serviços, traduzindo-se na qualidade dos cuidados prestados e na qualidade de vida dos cuidadores e das pessoas cuidadas. Ou seja, NÓS!

Se não é cuidador, é muito provável que venha a ser!

Você está por trás disto!

Fontes:

[1] OECD, “Informal carers”, in Health at a Glanceos 2017: OECD Indicators, OECD Publishing, Paris

[2] www.cuidadoresportugal.pt

[3] BOUGET, Denis; SPASOVA, Slavina; VANHERCKE, Bart. (2016). Work-life balance measures for persons of working age with dependent relatives in Europe – A study of national policies, European Comission, Directorate-General for Employment, Social Affairs and Inclusion.