Como referido no artigo anterior (Cuidar de quem Cuida – na categoria o Debate e os Factos), no apoio aos cuidadores, intervir precocemente e promover o seu empowerment, potencia uma abordagem com múltiplos benefícios para a pessoa foco dos cuidados, para os cuidadores e para os sistemas públicos.
Segundo a Associação ADVITA – Associação para o Desenvolvimento de Novas Iniciativas para a Vida, que promove iniciativas de apoio ao cuidador, “é importante tomarmos consciência da importância e da dignificação do papel do Cuidador” sem esquecer que “todos nos devemos preparar, desde cedo para desempenhar o papel de Cuidador ou de pessoa cuidada”.
E afinal, o que tem sido feito para apoiar os Cuidadores?
Em Portugal, há duas Resoluções da Assembleia da República (n.º 129 e n.º 130/2016) que deixam algumas recomendações ao Governo, no que se refere ao Cuidador Informal, nomeadamente a criação de um estatuto e alguns benefícios. Estes benefícios estão essencialmente relacionados com apoio psicológico e alternativas para conciliar a vida profissional com a tarefa de cuidador, bem como alguns benefícios fiscais.
Em Setembro de 2017 foi criado, pelo Governo, um grupo de trabalho com o objectivo de estudar medidas de intervenção junto de cuidadores informais. Foi redigido um documento com as perspectivas nacionais e internacionais, no sentido de enquadrar as necessidades dos Cuidadores Informais e desenvolver recomendações para a criação de mais medidas efetivas de apoio aos Cuidadores.
Então, que medidas de promoção de saúde e estratégias para o seu dia-a-dia, deve o cuidador adoptar para facilitar a sua tarefa de prestação de cuidados e a adaptação ao seu novo papel?
A informação vai estando disponível. O tema é cada vez mais relevante e a partilha de informação é fundamental. Estando na ordem do dia, até nos meios de comunicação surgem algumas “dicas”. Em 2017, o jornal “O Público”[1], enumerou algumas estratégia:
- Procurar informação (em centros de saúde, projectos locais, material informativo) para saber lidar eficazmente com as tarefas de cuidar;
- Disponibilizar tempo para si próprio;
- Reforçar as suas redes sociais (família e amigos);
- Distribuir tarefas por pessoas que também estão próximas da pessoa cuidada;
- Planificar e organizar a sua vida profissional e a vida familiar;
- Definir períodos de descanso e lazer;
- Falar sobre os seus sentimentos e emoções relacionados com o cuidar;
- Recorrer a apoio emocional, junto de técnicos especializados ou de grupos de ajuda mútua.
Se se pretende obter informação de caráter mais técnico, também está disponível. Por exemplo, a Associação ADVITA disponibiliza gratuitamente, no seu site (http://www.advita.pt/ ) , 12 filmes e 7 brochuras, escritas e produzidas pela própria Associação, que têm como objetivo ajudar os Cuidadores na tarefa de Cuidar e “incidem sobre as competências base de quem cuida transpondo os conhecimentos científicos atualizados para o quotidiano da prestação de cuidados, em linguagem clara e acessível”[2].
Ser cuidador é um desafio muito exigente. Os serviços que permitem o descanso do Cuidador Informal devem, então, responder às necessidades dos cuidadores e da pessoa cuidada ao longo do tempo. Para isso, devem ser flexíveis, bem planeados e promover a comunicação entre os profissionais de saúde, os profissionais da área social e os próprios cuidadores. Não nascemos preparados para cuidar e a complexidade destas situações requer uma gestão emocional, a procura de um equilibrio com outras funções e uma capacitação face às competências básicas do cuidar.
Cabe a todos nós, o dever de reconhecer que o acto de cuidar é imprescindível para a sustentabilidade de uma sociedade mais coesa e solidária! Você está por trás disto!
[2] Associação Advita – Associação para o Desenvolvimento de Novas Iniciativas para a Vida